Colonia del Sacramento, ou apenas Colonia, é um dos destinos mais procurados do Uruguai. Se perde em sofisticação para o balneário de Punta del Este, ganha com sobras em charme e na sensação de aconchego.
Apesar de ser uma cidade uruguaia, é mais comum visitá-la vindo de Buenos Aires, através dos barcos de três empresas que fazem o trajeto, pelo Rio da Prata, entre ela e a capital argentina: a Buquebus, a Colonia Express e a SeaCat. Essa viagem dura em torno de 2 horas e custa aproximadamente 300 pesos argentinos, dependendo do tipo de embarcação e da tarifa escolhida. (valores de 2013)
Fique atento:
- Os barcos das companhias saem de pontos diferentes do porto. A Buquebus e a Seacat estão próximas à Puente Mujer no Puerto Madero, mas a Colonia Express está localizada no extremo oposto, bem longe. A chegada a Colônia, entretanto, ocorre no mesmo local.
- É interessante chegar com cerca de uma hora antecedência ao terminal pois é preciso passar pela imigração, uma vez que a travessia é internacional.
Nós escolhemos a Buquebus como transporte. No mapa abaixo, mostramos onde ela está localizada. O ponto A é a famosa Puente de la Mujer, em Puerto Madero, e o ponto B é a Buquebus.
É inevitável o clichê de se comparar Colonia com Paraty. Quem conhece a cidade do litoral fluminense, certamente leva na memória o misto de arquitetura colonial, boa gastronomia e aquela atmosfera charmosa, que emana em todos os cantos da cidade. Colonia é exatamente assim.
A cidade foi alvo de disputa entre portugueses e espanhóis devido a sua posição estratégica na entrada do Rio da Prata – exatamente em frente a Buenos Aires – e carrega até hoje essa mistura de história e arquitetura portuguesa e espanhola.
Nossa relação com a cidade começou justamente na capital portenha. Pegamos uma promoção de última hora para Buenos Aires, sem passagem de volta, no carnaval de 2013. Depois de três dias na cidade, morrendo de calor e sem um lugar para dar um mergulho, nos encontramos com um casal de amigos vindo do Uruguai, que sugeriram que fossemos aproveitar as praias de lá – algo que sabemos não ser muito realizado pelos turistas que visitam a cidade. Como íamos voltar para o Brasil por milhas, e na época, a pontuação da TAM estava fixa em 20 mil pontos para voltar de qualquer lugar da América Latina, emitindo na mesma semana, resolvemos cruzar o Rio da Prata e seguir o conselho.
Saímos cedo de Buenos Aires e pegamos o barco das 8:45hs da manhã. O barco era muito espaçoso e contava com um free shop com ótimos preços – ele abre 10 minutos após a saída do porto e fecha 10 minutos antes do desembarque; não deixem de aproveitar 😉 O barco disponibiliza também uma lanchonete, que aceita dólares americanos, pesos uruguaios ou argentinos.
É importante mencionar que não há assento marcado. Se você estiver viajando em turma e quiser garantir assentos juntos, entre cedo na fila do embarque.
Chegamos às 11:00hs da manhã em Colonia, com um um céu azul e um solzão nos recebendo. 🙂
Pegamos um táxi e fomos direto para o nosso hotel.
Se a ideia é alugar um carro, existem agências de locadoras no próprio porto, mas não achamos necessário. A cidade é pequena e melhor opção é se locomover de bicicleta. Nos hospedamos no Hotel Beltran, indicado por estes mesmos amigos. O hotel fica no centro histórico, como a maioria, e é bem charmosinho, com um quarto confortável com um belo terraço. A diária foi US$100,00.
Feito o check-in, pegamos um mapa da cidade na recepção e fomos para a Thrifty alugar as bicicletas que iríamos usar durante o dia. Pedalamos 6 quilômetros margeando o rio pela Rambla de las Américas. Fomos em direção ao hotel Sheraton, que fica mais afastado da cidade. Não chegamos a conhecer o hotel, mas pra quem busca isolamento, é uma ótima opção de hospedagem.
Um pouco antes de chegar ao Sheraton paramos as bikes e podíamos dizer que tínhamos uma praia para chamar de nossa. As praias de Colônia, por serem banhadas pelo Rio da Prata, são barrentas, mas limpas. Apesar de não serem tão bonitas quanto as de Punta, elas valem o mergulho, e, definitivamente, não são tão geladas!
Após passarmos um tempo por lá, pegamos as bicicletas de volta e pedalamos até a Plaza de Toros onde, no passado, ocorriam as touradas de Colonia. A arena está interditada, sob risco de desabamento, mas mesmo assim haviam pessoas lá dentro. Nós deixamos o jeitinho brasileiro de lado e a observamos apenas do lado de fora.
Na volta para o centro histórico, paramos algumas vezes para contemplar os carros antigos que circulam pela cidade e observamos muitas famílias fazendo piqueniques.
Devolvemos as bicicletas na Thrifty e fomos dar uma volta pelo centrinho. Lá é possível ver algumas ruínas e belos edifícios, como a Basílica do Santíssimo Sacramento, o Farol, construído em 1845 e as inúmeras ruazinhas de calçamento de pedras, que dão esse charme tão especial à cidade.
É possível subir no Farol para ter uma vista incrível da cidade. A entrada é paga e a subida exige um certo fôlego – os lances de escada parecem intermináveis.
Paramos para almoçar num restaurante todo colorido, o El Drugstore, com música ao vivo. Ao saber que éramos brasileiros (o que não é difícil por ali), o cantor prontamente cantou uma música do Roberto Carlos 😉
Havia alguns grupos com guias contando a história de Colonia, mas como nosso tempo era curto, resolvemos explorar a cidade por nossa conta, lendo as placas informativas pelo Centro Histórico. Entretanto, ouvimos dizer que a visita guiada é uma verdadeira aula. São pouquíssimas ruas, mas lá estão alguns museus e galerias que você não pode deixar de conhecer. Peça informações no centro de turismo ao lado do Portão de Campo. O tour guiado é pago e é realizado todos os dias.
Uma característica diferente de Colonia é que é possível alugar carrinhos de golf para passear pela cidade. Esta é uma ótima opção para pessoas com dificuldade de locomoção. Para fazer a locação é necessário apresentar a carteira de motorista brasileira (não é necessário ter carteira de motorista internacional) e é proibido circular com os carrinhos nas auto-estradas. Nós alugamos por uma hora (também na Thrifty) e fomos para a Playa Ferrando, no lado oposto à Rambla de las Américas (olhando para o Rio da Prata, fica para o lado esquerdo).
A praia não é nenhum espetáculo da natureza, mas tem um aspecto mais intocado do que as praias que fomos pela manhã – o mergulho vale mais a pena por lá – existe um riozinho que desemboca em um dos cantos da praia e apesar de não termos visto ninguém velejando, ventava bastante, com o Rio da Prata estando bem encarneirado – se alguém estiver viajando com o kite, vindo de Punta, por exemplo, pode ser uma boa opção.
Devolvemos o carro na agencia da Thrifty do porto (pode-se escolher entre devolver no centro ou no porto, na hora da locação – mas as duas são bem próximas) e fomos para o hotel tomar banho para ver o pôr-do-sol no Paseo San Gabriel, o auge da visita à cidade. Como fomos em fevereiro, o sol se punha bem tarde, em torno das 20:30hs, então foi possível aproveitar bastante a cidade antes de cair a noite.
O Paseo San Gabriel conta com um muro onde as pessoas ficam vendo este espetáculo da natureza, com o sol se pondo na direção de Buenos Aires – só faltou as pessoas aplaudirem, como acontece no Arpoador ou em Ibiza, no Cafe Del Mar. Também é possível ver o pôr do sol em bares e restaurantes na frente do Paseo, mas como íamos jantar no restaurante Casa Grande (falaremos mais adiante), resolvemos ficar apenas no murinho.
Após o sol se pôr, nos dirigimos ao restaurante, a algumas quadras dali (os trajetos do hotel até o Paseo San Gabriel e de lá até o restaurante foram todos feitos a pé).
Já havíamos visto o restaurante Casa Grande durante o dia, com suas mesas dispostas na rua, e ficamos com vontade de voltar durante a noite. Uma dupla argentina, com voz, violão e clarineta estava tocando, dando um ar romântico ao jantar. Como ainda fazia um pouco de calor, pedimos o vinho Don Pascual Rosé, que caiu como uma luva. Não somos grandes entendedores de vinho, mas recomendamos este! Apesar de que, com aquele ambiente, talvez até um Sangue de Boi caísse bem! Hehe, brincadeiras à parte, pedimos lula à dorê de entrada e um salmão delicioso como prato principal. Uma outra boa opção de restaurante, e com uma música mais animada, é o Pulperia de los Faroles, muito bem recomendado pela recepcionista do hotel. Ele fica exatamente ao lado do Casa Grande e uma banda de rock estava tocando.
Terminado o jantar fomos dar uma volta pela orla para ver as estrelas – que não eram poucas – e voltamos para o hotel, pois no dia seguinte iríamos cedo para Punta del Este.
A rodoviária fica ao lado do porto. Nós compramos nossas passagens durante o dia mesmo, pela empresa COT.
Para chegar à Punta del Este é necessário ir à Montevidéu e de lá pegar outro ônibus. Os trechos são comprados separados e custam cerca de R$35 e R$24 respectivamente. Pegamos o ônibus no dia seguinte, às 6 horas da manhã e, após 2 horas e trinta minutos de viagem, chegamos na capital uruguaia. De Montevidéu saem ônibus para Punta a todo momento. Desembarcamos, compramos a passagem e embarcamos outra vez, não demorando nem meia hora esse processo. Duas horas depois, chegamos ao balneário mais badalado do Uruguai, desembarcando na rodoviária de Punta del Este.
Babi Cady
Adorei as dicas Quel e leo! Vou agora em Agosto e com certeza vou seguir quase todas, pq o banho no mar vai ficar pro verão, rsrsrs… beijocass
Camila
Muito legal Quel!!
Pude reviver essa cidade deliciosa, que deixou um gostinho de quero mais qdo fui.
Adorei o post!
Marcelo
Excelente post! Realmente com as inúmeras promoções de vôos para Buenos Aires, Colonia del Sacramento é uma ótima opção de viagem para um final de semana, pra quem tiver disposição de encarar avião e barco sexta-feira e domingo! Parabéns pelo relato, está muito completo!