Minhas viagens, meu trabalho

Read about my traveling life in English

Não é de hoje que me perguntam como faço para viajar tanto. Desde antes do blog, quando eu fazia apenas uma viagem “longa” por ano, eu ainda viajava muito – e ninguém entendia nada.

Pensamentos como “Ela deve ser milionária, nasceu em berço de ouro” ou “Essa aí não quer nada da vida, só pensa em viajar” rodeavam a cabeça de muita gente, com certeza. E esse pensamento é normal. Por incrível que pareça, são poucas as pessoas que conseguem realmente se organizar, economizar e viajar bastante. Viajar muito – apesar disso estar mudando com o passar dos anos – ainda é um pouco sinônimo de ostentação, de riqueza e de gente à toa.

Quantas vezes já não me perguntaram no blog “você trabalha?” Eu trabalho sim! E muito! Mas o meu trabalho não é lá um trabalho convencional…

Mas vamos começar do começo!

Vida de Blog: Como tudo começou

Fiz minha primeira viagem internacional aos 11 anos – quando fui à Disney com minha mãe (também em sua primeira saída do país) e a família de uma amiga. Meus pais, graças a Deus (e diga-se de passagem a muito esforço), têm uma boa condição financeira – e claro, isso sempre me ajudou a viajar.

Nossa família está longe de ser milionária, muito rica ou mesmo rica, mas não passamos apertos e podemos nos dar alguns “luxos”, como o meu intercâmbio para a Austrália aos 17 anos.

Meu pai, entretanto, nunca havia saído do país – com exceção de uma viagem ultra econômica para o México quando moleque (como ele mesmo diz). Juntava suas economias pra deixar que eu conhecesse o mundo e tomasse gosto por essa nova escola, pelos novos ensinamentos e pela oportunidade de crescimento tão diferenciada que temos durante as viagens.

Foi exatamente ao voltar da Austrália que descobri que viajar era mesmo a minha paixão. Eu vivia pensando nisso, contava os dias para os próximos feriados e férias. E aí já era, não parei mais.

Não, eu não era uma filha que pedia dinheiro pra comprar roupa, ou que saía todo dia e gastava muito. Eu era a filha que quando os pais ofereciam algum presente “mais caro” eu respondia com “mas com esse dinheiro eu consigo viajar pra tão longe!” Eu só precisava viajar, mesmo! Assim, não foi muito difícil pra eles me ajudarem a cair na estrada. Fui à Disney de novo quando fiz 15 anos, fui a NY, Bariloche, Ilha Grande, Arraial D’Ajuda e mais alguns destinos nacionais.

Foi aí que entrei na faculdade e vi que já era hora de juntar o meu dinheiro. Meus pais vieram de famílias relativamente simples e conquistaram o que possuem hoje com estudo e esforço. Eu não faria diferente. Estudava Ciência da Computação e logo no segundo período, já começava a dar monitoria de cálculo. Eram 400 reais por mês, se não me engano, mas em 6 meses (quando eu tivesse férias) eu já teria cerca de R$2.000 se economizasse direitinho. E com esses dois mil fiz uma viagem incrível pela Bahia no Réveillon, quando conheci Itacaré e Morro de São Paulo.

Logo quando voltei, planejei para daí a um ano um intercâmbio, daqueles tipo Work Experience, para o Havaí (Meus pais me ajudariam com uma graninha, mas como eu trabalharia por lá, poderia pagá-los de volta). Mas, bem próximo à viagem, me apareceu a oportunidade de começar um estágio que parecia ótimo.

A responsabilidade pesou “vou viajar e perder a chance de começar a trabalhar em uma empresa?” – pensei. E assim não fui. Entrei então no meu primeiro estágio, e meus R$400 mensais já estavam virando o dobro.

O estágio acabou não sendo lá grandes coisas e em menos de 6 meses mudei para uma oportunidade melhor. (Mandei mal de não ter ido para o Havaí! Hehe)

Esse novo estágio acabou virando meu emprego. Nos dois anos que fiquei lá, consegui fazer um mochilão pela Europa no verão e realizar o sonho de conhecer Los Roques (em uma viagem que, acreditem, gastei 2.000 reais mais 8.000 milhas – sabiam que é possível conhecer paraísos com pouco?).

Tive muuuita sorte. Tanto meu chefe quanto meu diretor entendiam muito bem essa minha paixão por explorar o mundo, e eram dois queridos quando eu pedia pra emendar um feriado e dar uma escapadinha pra algum lugar novo que eu inventava moda de conhecer.

Quando saí da empresa, para fazer um trainee em SP, meu chefe ainda me escreveu um textinho que descreveu mto bem minha paixão e, de certa forma, filosofia de vida. Leia aqui.

Durante esses 5 anos de faculdade e trabalho, resolvi criar um blog de viagem. Devo ter feito uns 5 posts no máximo, falando sobre Buenos Aires, Bariloche e alguns destinos na Bahia. Mas logo fiquei sem tempo: estágio, faculdade e Empresa Jr já eram coisas demais…

Durante todo o tempo na empresa, entretanto, eu sempre comentava com os amigos sobre essa vontade de unir tecnologia e turismo e trabalhar nesse meio. “Eu queria mesmo era ter um site de recomendação de destinos. Tem tanta gente que quer viajar e não sabe pra onde ir..”

O meu negócio era estar ligada à viagens de algum jeito – e se envolvesse alguma ajuda àqueles que querem viajar mais, seria melhor ainda.

Meu sonho sempre foi viver na estrada. Eu poderia sair de casa hoje e ir parando em cada país, aprendendo um novo idioma, ensinando alguma coisa que eu soubesse e descobrindo uma forma de ganhar dinheiro para continuar a viagem. Mas essa coragem nunca apareceu de forma séria e definitiva.

E assim, então, me mudei para SP entrando de cabeça no mundo corporativo. Agora eu era trainee de TI e tinha um futuro promissor!

Mas que futuro promissor era esse se não podia seguir meus sonhos? Que futuro seria esse que não me permitiria fazer o que mais gostava?

Fiquei quase um ano na empresa, sofrendo com dilemas “Viver para trabalhar ou trabalhar para viver?”, “Realmente poderei viajar apenas uma vez por ano?”

Eu tinha sido mal acostumada, mesmo. Todo feriado era uma viagem diferente, de Machu Piccho ao Pico da Bandeira, não importava: 3 ou 4 dias eram suficientes pra eu ir ver o mundo. Em minha nova vida de dedicação intensa devido ao trabalho que escolhi, eu teria que abrir mão disso, pelo menos por um tempo. E essa ideia infelizmente – ou felizmente – não me agradava.

Saí da empresa em agosto de 2013. A ideia? Viver o sonho, construir meu site, ajudar as pessoas a viajarem mais, ajudá-las a encontrar o equilíbrio entre trabalho e lazer, mostrar que é possível viajar com pouco e apresentar os destinos mais maravilhosos para inspirar quem quer que seja a pegar o próximo avião.

Eu poderia ter voltado ao emprego antigo e continuar aquela rotina que funcionava muito bem. Mas há muito o bichinho do turismo me incomodava, e eu resolvi tentar a sorte no ramo.

Criei o VamosPraOnde no escuro. E graças a vocês – que são na verdade quem eu gostaria de ajudar a viajar mais – eu viajo mais.

Hehehe interessante, ne?

O VamosPraOnde se tornou um blog de viagem referência no turismo brasileiro. Em menos de dois anos ajudamos e inspiramos mais de 200.000 brasileiros a rodar o mundo, aproveitando feriados, finais de semana e a economizar sempre que possível para viajar mais.

Devido a esse crescimento rápido e os bons comentários que recebemos de vocês, despertamos o interesse de empresas relacionadas ao turismo e logo hotéis e agências estavam nos procurando para fazer o convite de conhecê-los.

Recusei alguns mas aceitei vários. Tive a oportunidade de me hospedar no maravilhoso Villa Honegg na Suíça, de mergulhar em Curaçao, de pular de Bungee Jump em Vancouver, esquiar no Lake Louise e por aí vai. Sonhos que tinha há muito se realizaram com muito trabalho e dedicação.

Mas que trabalho é esse mesmo? Um Blog?

Trabalho basicamente com marketing digital (divulgação de empresas, fortalecimento de marcas, branding) e dando suporte aos viajantes. Às vezes não parece, mas ter um blog ou uma marca, tirar e editar fotos, gravar vídeos, escrever matérias, elaborar material e planejar viagens – minhas e de vocês – dá um trabalhão. Recebo muitos e-mails, muitos pedidos de ajuda, muitas solicitações, e preciso responder e atender a todos – sem receber nada $ – para manter a boa reputação e o bom funcionamento do blog. E respondo mesmo, e com gosto, porque amo o que faço. Estou vivendo o sonho, né?

Os posts no blog do Vamos são os mais detalhados possível para ajudá-los ao máximo na decisão do destino. Coloco mapas, rotas, preços, tabela de clima e por aí vai…

Eu não tenho um salário fixo mensal pra isso (apesar de que adoraria ter um hehe) e talvez estivesse com uma conta bancária mais gordinha se ainda estivesse no mundo corporativo. Mas a caixinha das experiências, dos sonhos alcançados.. Essa com certeza não estaria nem com 10% do que tenho hoje. E pra mim, essa é a verdadeira riqueza que me realiza. Que me move.

Hoje viajo muito por causa de press trips e convites em geral. Não teria dinheiro para bancar todo esse “luxo” de rodar o mundo com tanta frequência, vivendo experiências tão únicas. Não consegui juntar tanto assim durante meus empregos convencionais e hoje, com 2 anos de blog, ainda não alcancei a renda que tenho como objetivo – afinal todo mundo precisa de dinheiro né?! Mas sei que uma hora vou chegar lá!

Estou no caminho certo e não desisto!

Curioso como as coisas são..
Acho que “milagres” realmente acontecem quando seguimos nossos sonhos!

Atualização 2019: e acontecem mesmo. Já comemorei 5 anos de blog, de uma vida de sonhos. Claro que – como todo trabalho – também me deparei com o lado negativo disso tudo. Mas faz parte. Sigo feliz, realizada! E muito contente por ver de onde saí e onde cheguei. Hoje sou muito feliz com a renda que alcancei, que o blog me permitiu ter, que vocês me ajudaram a conquistar. Sou também muito feliz em poder fazer de qualquer lugar minha casa, meu escritório. Ser dona do meu próprio negócio!

Se você tem interesse em ter um trabalho como o meu, não deixei de ler o material que escrevi “Blog como Negócio” – um manual de como tudo acontece, com meus erros, acertos, aprendizados e estratégia pra poder monetizar, viajar e alcançar essa vida de blogueira de viagem.

Quer ver essa história em vídeo? Assista esse bate-papo sobre como tudo começou!

O VamosPraOnde nasceu em agosto de 2013 com o objetivo de apresentar muitas maravilhas do mundo e trazê-las, de alguma forma, para mais perto de vocês. Obrigada de coração por me ajudarem a realizar o meu sonho<3.

E pra você que chegou aqui por agora – quer acompanhar minhas viagens em tempo real?